"É, engraçado, ás vezes a gente sente, e fica pensando
Que está sendo amado, que está amando, e que
Encontrou tudo o que a vida poderia oferecer
E em cima disso a gente constrói os nossos sonhos
Os nossos castelos, e cria um mundo de encanto onde tudo é belo
Até que a mulher que a gente ama, vacila e põe tudo a perder
E põe tudo a perder..."
Que está sendo amado, que está amando, e que
Encontrou tudo o que a vida poderia oferecer
E em cima disso a gente constrói os nossos sonhos
Os nossos castelos, e cria um mundo de encanto onde tudo é belo
Até que a mulher que a gente ama, vacila e põe tudo a perder
E põe tudo a perder..."
Poucas são as cinebiografias que
fazem jus aos grandes mitos que julgam eternizar através da imagem. Talvez
porque muitas produções partem do pressuposto de visões preestabelecidas sobre
tais personagens, e não existe um real interesse em entender as figuras num
ideal próprio. Muitas biografias perdem o sentido quando projetadas pela
encenação. Um caso particularmente recorrente no cinema comercial brasileiro,
que ao longo dos anos vem encontrando nos grandes nomes da história do país e,
especificamente aqui, da música popular brasileira uma forma de
(re)experimentar sua representação histórica.
Tim Maia não vai ser o primeiro,
nem o último grande mito da nossa música a receber uma homenagem pau mole nas
telas. Baseado num livro de Nelson Motta (e que mais parece uma versão estendida
de seus comentários no Jornal da Globo), o longa de Mauro Lima é mais um
registro bem intencionado sobre a vida de uma personalidade ao molde mais
quadrado do significado da palavra. Mistura de documentário com drama
ficcional, intercalando algumas das músicas mais famosas do cara, o filme é uma
espécie de túnel do tempo musical, que está muito mais preocupada em contemplar
uma genialidade, sem em nenhum momento tentar entende-la, ou, de fato, experimenta-la.
Se utilizando do velho recurso da narrativa em off, o filme transforma seu herói num mero coadjuvante de sua própria história. Tal didática não apenas
mostra que Lima pouco entende da persona de Maia, como também não sabe muito
bem o que fazer com ela. E essa estranheza entre gênio e seu revitalizador é o
elo que leva o filme a se estender por longos 140 minutos num ritmo nada
proveitoso, se desdobrando através de clichês de colunas musicais que pouco se
interessam na música, mas muito mais no que está entorno dela. Entretanto, vale
saudar os esforços da interpretação de Babu Santana, que consegue dar um mínimo
de credibilidade ao espetáculo.
No mais, a experiência é não mais
do que um reflexo daquele trecho de You Haven’t Done Nothing do Stevie Wonder: “we are amazed, but not amused”. Infelizmente
todo o rhythm and blues que as canções de Maia trouxeram para discografia
nacional fica em segundo plano aqui, mas independente de um filme que tenta
exprimir a obscuridade por trás da genialidade de um dos maiores cantores da música
popular brasileira, ainda é necessário lembrar que seu valor consciente jamais será
subestimado.
Tim Maia (★★)
Brasil, 2014, 140 min.
De Mauro Lima
Com Cauã Reymond, Alinne Moraes, Babu Santana, Robson Nunes
Tim Maia (★★)
Brasil, 2014, 140 min.
De Mauro Lima
Com Cauã Reymond, Alinne Moraes, Babu Santana, Robson Nunes