Já começo me despindo da obrigação de comparar a cinematografia de Divergente com a literatura na qual se baseia por motivos de 1) não li o livro em questão e 2) a liberdade cinematográfica autoral do diretor é o que me interessa. Mas já que toquei no assunto, os minutos iniciais de Divergente são bastante determinantes para se compreender que caminhos a saga deseja almejar. Entretanto, apesar da boa introdução, o que se sucede não passa de mais uma tentativa constrangedora -e sem personalidade- de filme se impondo quanto saga pós-Harry Potter/Twilight/Hunger Games.
Tão bobo quanto vigoroso, o filme
em questão peca justamente no fato de querer ser um produto comercial e ao
mesmo tempo carregado de densidade visual (ou de efeito?), sem em nenhum
momento se afirmar como tal. Tamanho é o desinteresse que se desenvolve com
aqueles personagens, que nem mesmo tentar acreditar que tudo aquilo não passa
de uma piada irônica quanto ao número massivo de produções desse porte nos
últimos anos se torna uma opção consciente. Tramando um diálogo barato (e
frustrante) com a ideia de arrancar do público algum sentimento perante o
desperdício de talento (in)explorado em cena, Divergente acaba tendo tanto
valor quanto uma folha de papel em branco.
Divergente (★)
Estados Unidos,
2014, 139 min.
De Neil Burger
Com Shailene Woodley, Kate Winslet, Ashley Judd, Theo James, Jai Courtney, Miles Teller, Ansel Elgort