Talvez minha maior decepção com os Muppets 2 tenha sido com o fato deste ser o segundo projeto com envolvimento do Nicholas Stoller que não me agradou no ano. Mesmo gostando muito do primeiro filme, e tendo um carinho especial pelo elenco –Tina Fey e Ty Burrell-, fui pra sessão sem expectativas, esperando apenas ser surpreendido positivamente novamente. Apesar de nenhum atrativo especial, confesso que o filme é até bem agradável, e possui participações das mais divertidas em produções desse gênero. Entretanto, o resultado acaba sendo inofensivo, para além de ser talvez a obra mais descartável da temporada, junto com produções como Vizinhos e A Culpa é das Estrelas –ambos de efeito efêmero.
Brincando com a própria faceta de continuação
de filme rentável, daqueles que Hollywood só faz mesmo pra ganhar uma graninha
extra de meio de ano, essa sequência d’Os Muppets surge na sombra dos filmes
que são espertos (ou apenas acreditam ser). Trazendo os bonecos cantantes numa
trama de filme de espionagem, o roteiro redondinho brinca com a ideia do
sucesso passageiro da trupe, assumindo uma espécie de subversão da própria
linguagem narrativa. Sobrecarregado daquele velho discurso americano de
autoimportância, o filme explora através de uma turnê mundial dos Muppets a
ironia ianque, digna de um especial do South Park, com clichês e estereótipos
globais, que parecem satisfazer apenas o público americano. Não que isso seja
um problema para o filme, já que ele não esconde tal projeção de si, mas me é
decepcionante a forma como elenco e roteiro subestimam a própria genialidade.
Piadinhas das mais óbvias, e aquele conformismo cômico de comediante
confortável com o próprio status, filme e elenco não arriscam nada além da
barreira pré estabelecida pela visão (conservadora) do estúdio (?). O que falta
aqui é aquela fluidez espontânea e harmônica que fez do primeiro filme uma
irretocável experiência nostálgica, através dum olhar despojado sob a relação
dos muppets com os humanos. Sem retocar a sensibilidade antes experimentada, a
sequência aposta mesmo nas personificações caricatas de Gervais, Fey e Burrell,
que bricam com seus personagens e as técnicas de grandes comediantes-atores que
são (digo, Fey e Burrell). Sem nenhum atrativo que não as incontáveis participações
especiais –de Christoph Waltz à Lady Gaga-, o filme de James Bobin acaba sendo
um mero esquete engraçadinho, que ninguém lembrará daqui umas semanas.
Muppets 2 - Procurados e Amados (★★1/2)
Estados Unidos, 2014, 107 min.
De James Bobin
Com Tina Fey, Ricky Gervais, Ty Burrell